#122 - Meia dúzia de filmes sobre a cornice que você precisa ver, antes de ser chifrado (Resenha)

A arte é, sem dúvida, um campo fértil e seguro para a gestação e desenvolvimento da imaginação humana. Presente na humanidade desde a p´re-história, a expressão estética cumpre a imprescindível e insubstituível função de oferecer à alma humana um espaço de liberdade e experiências que nos permite vivenciar, de forma lúdica e segura, tudo aquilo que habita na nossa imaginação ainda antes de ser efetivamente posto em prática.

Conforme citado no post #02, um dos caminhos para convencer a esposa a te enfiar um par de chifres é o jogo no qual são criadas situações lúdicas em que ela se coloca, imaginariamente, na cama com outros homens.  É como uma brincadeira de faz de conta, na qual as crianças vão experimentando os desafios da vida adulta.

Assim, no post de hoje trago uma reprodução de um texto extraído de um blog muito interessante no qual o autor, um filósofo gaúcho, nos traz uma deliciosa lista de filmes  que qualquer candidato a corno precisa ver, antes de ser chifrado. Salvando a pele daqueles que já alcançaram o tão desejado chifre, digo por minha conta que mesmo que já é corno, deve ver todos esses filmes igualmente.

Segue o texto publicado no blog "Papo de Homem":

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Everton Maciel

É muito difícil identificar qualquer coisa complexa por um aspecto só. Essa lista, arbitrária como todas as outras, comete justamente esse pecado discriminatório. Mas pelo menos a gente avisa.
Indiretamente, já defendemos publicamente a ideia de que a cornice é um tipo de virtude de transição. Agora, elaboramos uma coletânea de filmes a respeito do tema. Todos eles possuem o mesmo complexo de culpa e são atemporais, porque o homem é corno desde sempre ou desde o momento em que os relacionamentos entre os casais se tornaram suficientemente complexos.

Vamos a lista:

Beleza Americana (American Beauty, 1999)
Certamente, o primeiro nome dessa lista não é um filme apenas sobre a cornitude, essa virtude masculina. A obra trata do problema do corno a partir do ângulo de todos os aspectos que poderiam levar um homem a cornidão: fracasso profissional, apatia e desinteresse no relacionamento, preferência pela pornografia em detrimento da esposa, desinteresse da própria esposa, diminuição de testosterona na meia-idade e na paternidade.

Não podemos esquecer também o ideal de “vida nova” enganoso, estabelecido pelo personagem do Kevin Spacey. Realmente, um clássico do cinema para chifrudos.


Que mais posso querer (Cosa voglio di più, 2010)
Quem assistir esse filme italiano vai pensar que se trata de uma história de traição convencional. Um casal com um relacionamento ruim em busca de “algo mais”.

Bobagem.

O tal casal nada mais é do que uma ponte para os personagens reais, um gordinho corno estilo “marido perfeito” e uma mãe de família tentando reestabelecer qualquer tipo de tesão do marido. Ambos são traídos sistematicamente pelos seus parceiros. Giuseppe Battiston está impecável no papel de corno principal.
O cara conserta chuveiro, faz tudo pela mulher, é carinhoso. Mas simplesmente não comparece na cama. Se não bastasse, tem o comportamento de um corno manso tradicional quando descobre as puladas de cerca da mulher. Bom filme, roteiro original, tudo amarradinho.

O Dedo (El dedo, 2011)
Nesse filme, você demora a entender quem é o corno da história e eu não vou bancar o spoiler aqui. É um filme a respeito das razões e justificativas do corno para manter a integridade do seu nome em uma pequena comunidade argentina. Como sustentar a própria moral, depois de ser chifrado?

Na cidadela, os caras estão preocupados com os novos caminhos políticos e a cornidão entra em cena no meio do caminho. Uma comédia bem humana.


Dieta Mediterrânea (Dieta mediterránea, 2009)
Esse é um filme de corno que eu adoro por vários motivos!

Primeiro, porque explora o comportamento de vários homens que não conseguem administrar o ímpeto da mesma mulher. Segundo, porque Olivia Molina está em alta conta na relação das atrizes espanholas mais admiráveis em várias décadas. Se tudo isso não fosse suficiente, é um daqueles raros momentos em que a cornice se transfora na polêmica iniciativa do poliamor, quando o amor supera a cornice, sem envolver nada mais do que isso.

O sexo não é pretexto, é consequência. Quem assistir pode fazer uma comparação imediata entre Dona Flor e Seus Dois Maridos. Pessoalmente, penso que o Jorge Amado tinha seus interesses primários desligados do ideal de corno em si. Repito: a cornice como uma virtude masculina.


Nome bonito para um filme de corno, né?

Zé Carlos Machado interpreta um clássico corno-puritano-religioso. Ele faz o típico corno fanático: um pastor que salva a personagem da Camila Pitanga da prostituição e das drogas, mas acaba esfregando mais galhos que bambuzal em tormenta. O filme explora a tentativa de corrigir o incorrigível, um dos erros mais tradicionais dos chifrudos.

É um bom filme sobre a cornice porque é impossível se compadecer do corno, a não ser que você se identifique muito com ele.

Um belo representante brasileiro para nossa lista.

Ah, lembrei: o filme é baseado num livro que eu não li.


Reis não carregam só coroas na cabeça. Muitas vezes, o corno só encontra controle para o seu ímpeto destrutivo no próprio amante da mulher. Noutras, o elemento que controla a excentricidade do chifrudo é a traição nela mesma.

Esse é um filme que conta a história de uma Dinamarca retrograda, sendo parcialmente invadida pelo ideal iluminista. O problema é quando as ideias de Voltaire e Rousseau se chocam com os interesses de manutenção da monarquia. Neste caso, o problema político se transforma na única justificativa justa para lustrar os próprios chifres prejudicando o Ricardão metido a revolucionário.

E o rei faz isso.

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