**********************************************************************
Me chamo Romeu, e posso dizer que essa fantasia me persegue há décadas. Descobri o universo cuckold lá em meados dos anos 2000, folheando contos eróticos na extinta revista Private. Aqueles textos faziam minha imaginação voar longe. Com namoradas antigas, a fantasia vinha e sumia, mas sempre secreta, jamais confessada. Guardava para mim aqueles devaneios, certo de que eram apenas isso: devaneios.
O tempo passou e a vontade só cresceu. Casei, formei família, e mesmo assim, de vez em quando, a fantasia aparecia em meus pensamentos mais íntimos. Aí veio a ousadia: decidi, finalmente, tentar dividir isso com minha esposa. Mas confesso que fui insistente e até meio chato. Em noites regadas a vinho — ou aquela cerveja artesanal forte no fim de semana — eu cutucava o passado dela. Queria saber dos ex-namorados, pedia detalhes minuciosos. “Como foi? Ele te pegava como?”, “Com quem você perdeu a virgindade de verdade?”, instigando coisas que talvez nenhum marido insista tanto. Ela às vezes fugia das perguntas, às vezes ria, e outras vezes respondia só para eu sossegar. Eu percebia que ela estranhava aquilo, mas a curiosidade (e o tesão) me dominavam mais do que o medo da chatice.
O ponto de virada aconteceu numa viagem — só nós dois, sem crianças, coisa rara nos dias de hoje. Primeira noite, quarto de hotel, banho juntos, vinho… contei a ela um sonho safado: “Sonhei que você beijava outro cara na minha frente e eu ficava completamente louco de tesão.” Ela riu, desconversou, mas a semente ficou. A noite terminou quente, diferente.No dia seguinte, resolvemos sair para uma balada local. Antes de sair, já quente dos drinks pré-balada, brinquei: “Vamos chegar como se fôssemos só amigos hoje? Só para ver o que acontece…” Ela achou engraçado, duvidou, mas topou a brincadeira.
Na balada, me aproximei dela como amigo e insisti para ficarmos cada um num canto. Fui chato, confesso, e rolou aquele clima de “o que você quer afinal?”. Depois de alguns shots, continuei insistindo para ela circular sozinha, só para ver as reações. Ela hesitava, dava umas voltas e depois vinha até mim, meio constrangida.
Até que chegou um cara — típico figura da noite, papo solto, sorriso fácil. Aproveitei, me apresentei logo como amiga dela. Minha esposa ficou claramente incomodada, não sabia como agir. Foi ao banheiro, e ali que minha mente safada entrou em ação: comecei a mandar mensagens no WhatsApp, instigando, elogiando, sugerindo que ela ousasse um pouco. “Vai lá, se solta…”, “Achei que você era mais ousada…”, “Por que não conversa mais com ele?”
Quando ela foi ao banheiro de novo, aproveitei, fui direto no cara e incentivei mesmo. Falei que ela estava solteira naquela noite, que era para ele se soltar porque ela era a mulher mais linda da balada. Minha coragem explodiu ali, movida por álcool e fantasia reprimida.
Quando ela voltou, o cara já estava mais confiante. Não demorou, ele puxou ela de lado e rolou um beijo rápido, furtivo, apimentado. Eu, ali, assistindo tudo, sentindo um tesão diferente, quase impossível de descrever.
Pouco tempo depois, ela veio até mim, falou que queria ir embora. No carro, silêncio tenso, mas quando chegamos no quarto, a tensão explodiu de outro jeito: o desejo nos tomou, e fizemos amor como há muito tempo não fazíamos.
No dia seguinte, ela estava um pouco confusa, mas curiosa para entender por que tudo aquilo mexeu tanto com a cabeça dela — e com a minha. Depois disso, durante um tempo, simplesmente não tocamos mais no assunto. Era como se aquele episódio tivesse pairado no ar, esperando o momento certo para reaparecer. Voltamos à rotina, à correria do dia a dia e aos compromissos da casa. Ainda assim, nas nossas raras noites realmente quentes, entre lençóis amarrotados e corpos suados, o tema voltava, de mansinho, se insinuando entre beijos e provocações. Cada vez que ressurgia, a chama aumentava, e começamos a alimentar juntas a ideia: “E se a gente repetisse...?”
Assim nasceu o plano da nossa segunda viagem, dessa vez rumo à praia. Queríamos um lugar mais descontraído, quente e permissivo, onde os limites do convencional parecessem ainda mais tênues.
No primeiro dia de praia, o calor não era só do sol. Foi o dia inteiro de provocações, insinuações e doses generosas de bebida. Fui acelerando o clima, questionando, sussurrando no ouvido dela se não podíamos tentar de novo algo parecido com o que vivemos na balada meses antes. E a cada caipirinha, via seus olhos brilharem com uma mistura deliciosa de receio e vontade.
A noite caiu, e o ritual foi o mesmo: chegamos no bar separados, meio como “amigos”, fingindo desentendimento, só pelo prazer de viver o jogo outra vez. Mas dessa vez não precisei insistir tanto — parecia que algo nela já estava diferente, quebrado, ou melhor, transformado após aquela primeira vez.
Logo apareceu um cara — bem apessoado, quarentão, sorridente, olhos atentos, daqueles que não precisam de muito para chamar atenção. Quando minha esposa deu uma ida estratégica ao banheiro, aproveitei a deixa e fui direto nele. Dessa vez, deixei a sutileza de lado e mandei, quase como um convite grosseiro: “Vai lá, aquela ali tá fácil hoje...” Senti um misto de culpa e excitação por falar daquele jeito, mas o efeito foi imediato.
Quando ela voltou, ele não perdeu tempo. Chegou nela decidido. Dessa vez não teve hesitação: os dois se perderam num beijo quente, intenso, daqueles de tirar o fôlego, bem ali, na minha frente. Fiquei só apreciando a cena, com o sangue fervendo, admirando a ousadia dos dois — e a minha coragem de permitir tudo aquilo.
E, como era de se esperar, um nome surgiu: Roberto. Nosso amigo, casado, famoso por ser galinha, e pouco faz questão de esconder suas escapadas. Ele é aquele tipo de cara que tem sempre uma piada maliciosa, boa pinta acima da média, andar confiante, aquele charme que salta aos olhos. Sinceramente, está — em tese — fora da nossa “liga”. E talvez por isso mesmo, pelo improvável, ele acabou no topo da lista das possibilidades.
O grande problema, claro, é: como abordar o Roberto? Por mais que a gente brinque, troque provocações, imagine, quando penso em transformar a fantasia em algo concreto, me bate uma vergonha absurda. Não sei nem como puxar esse tipo de papo sem ficar vermelho até as orelhas. O máximo que consegui até hoje foi, em um churrasco, soltar uma indireta depois de uma conversa sobre sexo: “Minha esposa tem muito fogo...” — foi na sequência de ele comentar, rindo, que a mulher dele não gosta muito de dar. Na hora, rolou um silêncio, aqueles segundos de tensão onde tudo pode acontecer ou morrer ali. Ele só sorriu de canto e mudou de assunto, mas ficou aquele clima, aquele talvez, pairando no ar.Sei que minha esposa também guarda certas inseguranças, principalmente depois de duas gestações. Vê defeitos onde nem existem, tem receio de não ser desejada. No fundo, tudo isso só reforça meu cuidado, minha vontade de mostrar que, pra mim, ela está cada vez mais linda, mais mulher, mais minha. E talvez, também por isso, fantasiar juntos se tornou tão poderoso: virou um jeito de reafirmar o desejo, a liberdade, a cumplicidade.O maior medo que me trava, confesso, é o risco de perder o controle da situação ao tentar transformar a fantasia em realidade — especialmente se eu criar coragem de abordar o Roberto e ele recusar. Só de imaginar fica um nó na garganta. Acho que nunca estive tão vulnerável, tão exposto, mas ao mesmo tempo, poucas vezes senti minha conexão com ela tão viva, pulsando, pronta pra cruzar novas fronteiras — mesmo que só dentro dos nossos lençóis.
Senti sinceridade e veracidade neste relato, vão em frente|
ResponderExcluir