#453 - O que nos ensina "O Amante de Lady Chatterley" ? (Resenha)

Caros amigos de chifres, 

Abrindo o ano de 2025, o nosso Blog Meus Chifres, traz uma dica de filme para a nossa lista de cinema para cornos e hotwives, e uma excelente reflexão para os cornos iniciantes, bem como para os aspirantes, apresentando para os nossos leitores o filme "O amante de Lady Chatterley". 

O filme da vez é uma adaptação do romance de D.H. Lawrence, lançado no ano de 1928, sobre uma mulher que rompe com as formas e tradições de seu tempo, quando se desapaixona pelo marido e inicia um tórrido caso com um homem que trabalha em sua propriedade inglesa.

Em uma história bem à frente de seu tempo, acompanhamos a vida de Lady Chatterley (Emma Corrin), uma mulher nascida para uma vida de riqueza e privilégios, que logo se vê casada com um homem por quem acaba eventualmente se apaixonando. Porém, Sir Clifford Chatterley, descrito como um homem bonito e bem constituído, está paralisado da cintura para baixo devido a um ferimento na Grande Guerra. É então que ela se envolve em um caso tórrido com um guarda-caça em sua propriedade inglesa. Descobrindo mais desejo e intimidade do que ela pensava ser possível. Quando ela percebe que se entregou de alma e coração, ela quebra todas as tradições e vai em busca da felicidade com o homem que ama.

Antes de nos atermos à insubmissão da Lady Chatterley, é  preciso iluminar o contexto da obra para compreender melhor a ousadia do autor e assim alcançar o devido status de excitação com o desenrolar dos fatos do filme.

Estamos falando do ano de 1928, início do século XX, com personagens que obviamente teriam nascido no final do século XIX. Logo, temos, de um lado,  um cenário de total opressão da mulher e da sua sexualidade, porém do outro, estamos falando de uma sociedade cuja cultura primeva já se relacionava com a liberdade sexual da mulher conforme vemos no post #347 quando investigamos a origem do termo "Stag & Vixen", utilizado por cornos que ainda não tem a devida coragem de se assumir e buscam uma forma de "amenizar" a humilhante sensação que  vive perante o olhar de terceiros.

Então, voltando ao ambiente do filme, o Sr. Clifford, um militar britânico do início do século XX, vendo-se paralisado da cintura para baixo após um ferimento na Primeira Grande Guerra, pede à sua esposa que engravide de outro homem, a fim de que o casal possa ter um herdeiro a quem seja confiado o legado da tradicional família a que pertence.

Esse fato por si só, já seria bastante para nos deixar deveras excitado, afinal, estamos diante de um homem militar, cristão, de cultura tradicional, conservador, machista, que de repente rompe com todas as regras tabus pedindo à esposa o inconcebível chifre, e ainda com a maior de todas as humilhações dele derivada: o fruto do chifre para ele criar como se fosse seu e para honrar a confiança que a sua família tem em si para perpetuar o seu legado.

Só ai, o filme já paga todo o valor da assinatura que o corno manso paga para ter acesso à plataforma. A cena construída na intimidade do casal,  sem que os atores se olhem no olho, revela com propriedade, aquele momento em que nós maridos mansos reunimos forças para dizer às nossas esposas que queremos que ela se entregue a terceiros. Nessa cena, o Diretor Laure De Clemont-Tonerre demonstra ter a devida sensibilidade (ou conhecimento de causa) a respeito do que se passa na cabeça de um homem conservador que esconde um corno manso em si, bem como de uma mulher que deseja a liberdade sexula negada pela spciedade machista, ao criar uma cena rápida, com diálogos diretos, curtos, e sem que os interlocutores se olhem diretamente, mas deixando no ar um certo interesse de ambos pela realização da proposta do Sr. Chatterley .

A partir dai, a trama passa a se fazer interessante para nós maridos mansos pois a esposa  que inicialmente se rebela contra o pedido do marido, logo passa a considerar a possibilidade, após conhecer um dos funcionários da propriedade em uma cabana distante da casa sede, onde o marido manso se encontrava, inerte.

A transição entre a mulher reticente e a hotwife consolidada tem um momento especial, que podemos considerar a cereja do bolo. Depois de alguns encontros na cabana que foram aquecendo como um banho maria, lenta e gradualmente, o casal de amantes tem uma relação no meio do mato, consolidando a entrega completa da "madame" ao seu empregado, na qual ela pede a ele que não a chame de "madame" e em seguida, pede que ele a foda, ali, no meio do mato, deitada sobre a vegetação natural, como se ela fosse uma mulher qualquer, uma vadia.  

Inevitavelmente, dali pra frente a hotwife liga o foda-se para para a sociedade e passa a deixar claro todos os sinais de interesse e paixão pelo macho alfa, evitando esconder-se como fazia antes, dos olhares de terceiros que começam a perceber o envolvimento dos amantes, e isso é o que vai dando o sabor todo especial ao filme, fazendo com o que o espectador, depois de se identificar com o marido corno, com a hotwife rebelde ou com o macho alfa, passe a sentir em si a evolução do sentimento da personagem com a qual se identifica.

Do ponto de vista da catarse do corno, é impossível não excitado ao ver como a Lady Chatterrley passa se envolver com o amante, ao ponto de se entregar por completo e de dar de ombros com os cuidados de não ser vista. Impossível um corno assistir ao filme e não se pegar excitado diante de tamanha humilhação, quando a hotwife se entrega aos braços do amante, em plena luz do dia, no portão de acesso à propriedade na qual o corno manso espera os eu retorno, ou ainda, na deliciosa cena em que a hotwife é flagrada, se vestindo às pressas com o amante no meio do mato, pela governanta à mando do corno manso que estava procurando por ela. 

Do ponto de vista da hotwife, o tesão aumenta pela já citada insubmissão da mulher que dá de ombros para as normas culturais e, ao descobrir o verdadeiro prazer com o empregado, entrega-se completamente à ele, no mato, encontrando-se finalmente com a sua verdadeira natureza.

E do ponto de vista do macho alfa, a catarse torna-se anda mais excitante se observado que o alfa enfia um par de chifres na mulher do próprio patrão, exigindo que a sua patroa lhe olhe nos olhos enquanto ela o fode como uma verdadeira puta. 

Enfim, é uma obra da literatura clássica mundial que assim como em Lolita, A Dama do LotaçãoBonitinha, porém ordinária ou Sob o domínio do medo, nos dá a dica de um prazer que emerge de uma hotwife insubmissa que rompe com a cultura machista e humilha os seus maridos, nos chamando a atenção para a necessidade de estarmos realmente prontos quando tomamos a iniciativa de propor às nossas esposas a abertura da relação para a presença de um amante para elas, pois estamos diante de um risco permanente de vê-la ir embora com eles.

Obviamente, o drama da Lady Chatterley, o contexto da situação favorece uma vez que o marido não acompanha, nem dialoga com a esposa a respeito do andamento do plano proposto por ele. Ainda, como num roteiro de uma tragédia para o marido, ele comete o erro de destratar a esposa diante dos amigos do casal em um jantar na sua própria residência, justificando, no filme, o momento da primeira entrega do corpo da madame ao empregado da família.

Neste sentido, é muito importante lembrar que toda obra de arte é por si só, educativa. O exemplo do Sr. Chatterley nos ensina que ser corno, nos exige ser manso a fim de não abrir o caminho para que ela se vá definitivamente.


Ficha Técnica:

Nome do filme: O amante de Lady Chatterley
Ano: 2022
Direção: Laure De Clermont-Tonnerre
 
Roteiro David Magee
Elenco: Emma Corrin, Jack O'Connell, Matthew Duckett
Título original:Lady Chatterley's Lover

Plataforma: Netflix

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