#237 - 659 rounds de luta (perdida) por um chifre (Reflexão)

Caros amigos de chifres, 

No post de hoje trago o extrato de uma longa conversa que mantenho com um dos leitores do Blog Meus Chifres iniciada em 2019, com mais de 650 dias de diálogo e que exemplifica o longo e árduo caminho que precisamos percorrer quando nos decidimos a assumir a condição de marido corno manso.

Em postagem anterior (#post87), conversamos sobre a necessidade de agirmos diligentemente para nos mantermos dignos merecedores dos chifres que nossas esposas nos doam com tanto tesão à cada encontro com seus amantes. Hoje voltamos ao assunto, porém olhando-o por outro ponto de vista, tendo como foco a missão de convencer as nossas amadas a dar o passo inicial para esta maravilhosa vida de liberdade sexual e a dura constatação que nem sempre a coisa é tão fácil quanto se pensa.

Iniciada em junho de 2019, a conversa com o aspirante a corno seguiu o habitual protocolo: o leitor encontrou o nosso blog e enviou um e-mail confidenciando o seu desejo de testemunhar uma transa da sua amada com um macho alfa. Assim como tantos outros, o "Marido que Ama"  (pseudônimo do amigo interlocutor) expôs o seu cenário, no qual a esposa, embora achando interessante a possibilidade, não conseguiu se abrir definitivamente para a experiência de ter um amante diante dos olhos do marido.

Nesses 30 meses de conversa pude testemunhar que nem sempre o aspirante consegue alcançar o seu desejado par de chifres. Como em uma montanha russa, o casal alternou momentos de avanços e de retrocesso na caminhada rumo à abertura da relação, percorrendo o tortuoso e conflituoso trajeto da iniciação sozinhos e às cegas. Inevitavelmente,  deram mais passos para trás que passos adiante, e este ritmo fez o nosso amigo aspirante jogar a toalha e desistir da tão sonhada condição de marido corno manso.

Cumprindo a missão de servir como um espaço de compartilhamento de experiências (nem sempre positivas) das nossas trajetórias, é que se fez necessário o post de hoje do nosso Blog Meus Chifres, a fim de servir como uma lição que possa auxiliar outros aspirantes que Por ventura venha, de alguma maneira, enfrentar as mesmas dificuldades do nosso interlocutor frustrado.

Trata-se de um jovem casal do interior de São Paulo. Ela, com 36 anos de idade é uma deliciosa esposa casada com um marido que descobriu a grande motivação sexual no universo cuckold x hotwife. Retomando as próprias palavras aspirante a corno, publicadas no post#91, descrevemos a gata  como "uma delícia,  japinha com 36 aninhos (agora 38), 1,67 h, 56 kg, seios pequenos pra médios, cintura fininha e quadril largo,  que  "merece gozar e ter muito prazer com outras rolas", segundo afirma o  nosso interlocutor. Falando das preferências da sua esposa, o aspirante ainda nos diz que ela  "ela adora novinhos dotados com poucos pelos" .

Observando a trajetória do aspirante, percebi alguns pontos que creio que sejam importantes de serem reconhecidos por todos os aspirantes a corno a fim de não perderem tempo e energia com um percurso que os desvie da abertura da relação.

1. Cada caso é um caso!

É importante frisar que, dada as diferenças existentes entre as pessoas, cada caso publicado aqui no blog é um caso particular. Embora as experiências possam ser semelhantes, é bastante provável que o que funcione com um casal, não seja o mais adequado para outro, principalmente quando existem diferença de realidade que nem sempre estão explícitas no texto.

Desta forma, nunca é demais relembrar a regra de ouro: Antes de colocar qualquer sugestão em prática, observe, analise todo o contexto, pense e repense. Verifique se cada caso descrito é uma possibilidade para o universo no qual vocês vivem, nas suas realidades, afinal vivemos em um país continental, no qual a cultura varia muito de região para região, às vezes até, de cidade para cidade, mesmo numa mesma região.

Transpor experiências de terceiros para a sua relação pode ser o fato gerador de muitos problemas de um casal. Vivemos uma inédita, na qual nos deparamos com uma incisiva ostentação felicidade nas redes sociais. É imperioso estar atento ao fato que nem sempre as fotos publicadas refletem a verdade dos fatos. Apesar de serem representações de realidades perfeitas, por trás dos cliques existe muito contexto, muitas vezes não explicitados e que fazem toda diferença para  a construção da felicidade daquele casal.

2. Este é um caminho que se faz a dois

Com uma deliciosa esposa na mão e do desejo de ser corno no coração, o aspirante se entregou ao desejo e superou as fases 1,2 e 3 do processo de evolução de um homem que se liberta (vide o post #164) e estacionou na porta de entrada da fase 4, aguardando a sua esposa que parou na fase 3, sem dar indícios de avanço para o nível seguinte que seria a aceitação do fetiche, mesmo que de forma constrangida.

O grande problema para um casal que pretende conhecer o universo de uma relação liberal é justamente esse descompasso na caminhada. Fazendo uma analogia, imagine um casal dançando. Se ambos não estiverem no mesmo ritmo, com certeza haverá uma série de atropelos, tropeços e pisões nos calos, o que trará desconforto e dor tanto para um quanto para o outro. É bom não esquecer, que em toda espécie animal, antes do sexo, sempre há a dança do acasalamento...e que no nosso caso, de casais cuckold X hotwife, fazemos uma dança conjunta onde ela atrai o macho alfa e nós damos sinais que ele é bem vindo no nosso ninho. 

No caso do interlocutor "marido que ama", percebi nas nossas conversas que ele havia conseguido superar o 3º nível, superando as pressões culturais que habitam o interior da mente masculina, e se libertando da projeção dos julgamentos que a sua grade cultural exerce sobre a sua mente de aspirante a corno. No entanto, conforme citado, foi justamente diante dos riscos iminentes que a esposa do nosso interlocutor congelou, provavelmente por medo das possíveis  repercussões da abertura do relacionamento.

Onde se ganha o pão, não se come a carne

O caso ficou ainda mais grave para ela quando o aspirante resolveu insistir na aproximação da esposa com um determinado colega de trabalho. O cara correspondia a todos os critérios que ela elencava como geradores de tesão e até passou a chamar o marido pelo nome dele nos momentos íntimos do casal, na cama. Focado apenas na realização do seu fetiche, o aspirante a corno não percebeu que a sua amada receava ser mal vista no ambiente do trabalho ao dar abertura para um colega, quando todos os demais sabem que ela é casada. Sábia, ela resolveu não avançar sobre o colega de trabalho e por isso teve que suportar uma pressão intensa do marido em sentido contrário, mostrando o primeiro indício de descompasso nessa coreografia do casal.

Mas é importante destacar que mesmo assim, a gata chegou a enviar algumas mensagens para o garoto que, ou não percebeu o interesse da fêmea, ou ficou com medo dela que é 14 anos mais experiente que ele. E assim, foi que o projeto de comer o novinho da empresa foi abortado.

3. Excesso de tempo.

Contando com um tanto de sorte, o corno conseguiu localizar na internet outro novinho com as mesmas características do colega de trabalho da esposa, que se afirmava disposto a lhe coroar com a peruca de touro dourada. 

Contato feito, o garoto parecia ser promissor e chegou chegando ao ponto de agradar à fêmea e fazê-la sentir desejo de dar para ele. Tudo ia bem até que o aspirante a corno tentou aproximar os dois um pouco mais ainda, tentando fazê-los conversar pelo skype, o que não surtiu muito efeito diante da timidez dela que não sabia o que falar com ele.

Sentido desejo pelo garoto, ela resolveu colaborar, pedindo ao marido que gravasse um vídeo deles dois transando para enviar ao garotão, o que só acendeu mais ainda o desejo do marido por ver um lado de puta na esposa que o deixou mais excitado ainda diante de toda aquela situação.

Setenta e três dias depois do início do nosso diálogo, percebo o auge do cio da fêmea que não só afirma ao marido que quer receber o novinho roludo entre as suas pernas, como  quer que o futuro corno contente-se apenas em ficar punhetando enquanto ela e o macho alfa se divertem. Talvez ela nem saiba mas já começou levando o cara ao topo das paradas  prometendo o chifre cominado com uma das mais desejadas situações por qualquer corno: a humilhante situação de ficar apenas na punheta enquanto o garanhão usa e abusa a sua amada esposa.

Ocorre que, conforme já falamos outras vezes, o cio feminino é diferente do  masculino. Enquanto nós homens estamos prontos para o sexo numa razão de 24x7, as mulheres tem um relógio biológico que funciona noutra frequência, o que faz com que o timming seja uma habilidade imprescindível tanto para o marido corno, assim como para o comedor que pretende se habilitar a cumprir tal missão.   

De fato, no caso em tela, oito dias depois da esposa do aspirante dar pistas de estar no pico do tesão da fantasia,  ela joga um balde de agua fria no corno dizendo "fantasia é fantasia... não sei se conseguiria ir pra real com outro homem" demonstração clara que o ciclo do cio estava mudando e que a janela estava se fechando e dando causa ao desespero do aspirante que, vendo a sua grande chance esvair-se, comete o grave erro da insistência, próximo ponto a ser observado .

4. Insistência do corno.

Antes de mais nada, é necessário remover uma boa parcela da culpa do corno nesse problema. Claro que na posição de maior interessado no chifre, cabe a ele ter todos os cuidados e todas as medidas do andamento da situação. Porém, por outro lado, não podemos cobrar tanto de quem nunca foi devidamente habilitado a lidar com tal situação e mais ainda: devemos lembrar que o corno é quase sempre um autodidata que aprende a sê-lo, sendo.

Assim, analisando agora, no caso do nosso interlocutor, pude perceber que tão logo a sua esposa deu um sinal de arrefecimento do desejo de se entregar ao novinho roludo da internet, começou a a campanha de assédio do candidato a corno no sentido contrário.

Inevitavelmente, temos aqui, a partir do 81º dia de relatos, um total descompasso do desejo dele com o desejo dela, o que bate de frente com o que já discutimos no item 2.  Assim, tornam-se evidentes nas falas do nosso diálogos o uso reiterado dos verbos conjugados na primeira pessoa  do singular, falas nas quais o aspirante repete exaustivamente como podemos percebemer em momento em que ele diz que  "quero que ela fale com ele via skype", ou   "ele vai tocar a conversa", ou "vou insistir" ou "não vou sossegar" ou "vai vai ter que meter com ele pelo menos uma vez por mês", etc.

Nunca, em nenhuma circunstância, a insistência será uma atitude positiva quando se sobrepor à vontade de outrem. Sendo direto e preciso, é preciso entender que "não é não!" Simples assim.   

Então isso quer dizer que ai termina a missão do corno que busca o seu almejado chifre? Não. Isso quer dizer que o corno deve ser sábio e aprender a lidar com os ciclos do tesão da sua amada para poder retomar as suas abordagens sem ser inoportuno e abusivo. Conforme já falamos nos post #06 e #87 é preciso agir diligentemente, com sabedoria e precisão a fim de contornar esse período que consideram como uma chifropausa, ou seja, aquele momento em que ela não se interessa pelo contato sexual com outros parceiros além do marido.

No entanto, embora o corno tenha se mantido numa postura insistente, ainda assim ele conseguiu algum avanço visto que no 84º dia, ela revelou que, caso rolasse algo, no primeiro encontro com o roludo, ela gostaria que o seu marido corno ficasse apenas assistindo e não a penetrasse, desenhando portanto um cenário promissor de que: a) ela havia retomado o cio e mudado de ideia quanto a ficar só na fantasia e, b) ela iria enfim realizar o desejo do corno com o "plus" de deixá-lo na humilhante (e por isso mesmo deliciosa) condição de corno assistente, que só serve ao casal, mas não come a esposa.

Parece que enfiem temos o momento perfeito, mas infelizmente existe o comedor fraco!

5. Comedor fraco

Pior que as dez pragas do Egito juntas de uma vez só, em dia de chuva, com greve de ônibus, trem e metrô, a prejudicial figura do comedor fraco, ou pseudo comedor (o típico punheteiro) sobre o qual já falamos nos posts #14, #143, #145 #170,  #204 e #228 também participa deste pedagógico caso em que aprendemos que ser um corno é uma tarefa, às vezes, impossível. 

Realmente precisamos destacar que o coitado do aspirante neste caso parece ter sido  escolhido à dedo pelos deuses da má sorte que pareciam se divertir com todos os percalços pelo aspirante experimentados. Não bastando todos os desencontros narrados observados nas quatro áreas de concentração que vimos até aqui, ainda teve o coitado, a má sorte de se deparar com a abjeta  figura do punheteiro nessa caminhada torta pela trilha das pedras, na busca pelo chifre dourado.

Conforme percebemos na sequencia dos fatos até aqui narrados, depois de ter um pico do tesão no fetiche e arrefecer, a esposa do aspirante sinalizou positivamente, já fazendo algumas exigências para o primeiro encontro com o tal "novinho roludo" com o qual o casal se comunicava virtualmente, via skype há algum tempo.

É preciso lembrar que esse pseudo comedor virtual surge no jogo depois que o colega de trabalho da esposa do aspirante se fez de desentendido quando ela lhe deu algumas indiretas a fim de fazer uma aproximação com o colega de trabalho , para depois trazer-lhe para a cama. Frustrada a tentativa , o casal foi buscar uma segunda opção nas redes sociais.

Voltando ao "comedor" virtual (entenda-se "punheteiro sem noção") este ser desprezível que só atrapalha a vida dos casais liberais , sobretudo os iniciantes, não poderia passar por este cenário sem honrar a sua categoria e dar uma cagada (perdoem a expressão chula, mas nada diferente pode ser associado a eles) que ferrasse de vez com a vida do nosso interlocutor, aspirante a corno que reclamava (com total razão) dizendo "foda é que o outro cara não colabora... tipo... no skype ele perguntou quando seria legal para batermos um papo, para minha esposa se soltar e conhecê-lo melhor, falei que seria na sexta feira que passou... respondi na quarta e o cara nem se manifestou. "

Com clara percepção da situação, o aspirante emendou: "já é um lance difícil para elas... e ter que ficar correndo atrás do cara... pra ele se satisfazer com a minha esposa também ... acho um pouco de exagero..", demonstrando ter percebido o quão nocivo pode ser um punheteiro para um casal em fase de iniciação como eles.

A chegada da pandemia para nós cornos foi um evento dicotômico. Se por um lado nos colocou na geladeira, sem poder tomar um chifre, devido ao isolamento social, por outro lado, com mais tempo em casa, os casais puderam conversar mais sobre o fetiche e alongar as noites com muito sexo, temperado com muitas revelações, projeções e variações do fetiche.

Para deixar o caso mais trágico ainda, depois de mais de 500 dias de tentativas a esposa do nosso amigo aspirante resolveu ceder e topou ser iniciada no fetiche cuckold x hotwife. Depois de quase dois anos de muita estimulação, a libido da fêmea explodiu e liberou o corno para trazer o macho alfa para a cama do casal. Desejo manifesto, corno liberado para agir, o casal mais uma vez esbarrou na ausência de caráter e coragem desses seres repugnantes que povoam as redes sociais liberais, levando mais um bolo de um "pseudo-comedor" que simplesmete sumiu quando o corno fez o convite para o encontro real com a do pseudo-comedor e sua esposa. 

Feito estrago, como era de se esperar, a esposa do corno desistiu da iniciação da vida de hotwife, com toda razão, afinal dois bolos é mais que o suficiente para destruir a auto estima de qualquer mulher. E assim fazendo, decretou o fim das conversas sobre o assunto, dando ao seu marido aspirante de corno, a certeza que seus quase dois anos de lutas por um chifre foram em vão, graças à falta de homens que possam sustentar a sua palavra (e rola) quando se dizem comedores de esposas liberadas.